SIMULADO 05 - LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE EM

Simulado 05 - Língua Portuguesa 3ª SÉRIE EM SPAECE


As questões de números 01 a 06 baseiam-se no texto apresentado abaixo.

Cascas de barbatimão

Eu ia para Araxá, isto foi em 1936, ia fazer uma reportagem para um jornal de Belo Horizonte.

O trem parou numa estação, ficou parado muito tempo, ninguém sabia por quê.

Saltei para andar um pouco lá fora. Fazia um mormaço chato. Vi uma porção de cascas de árvores. Perguntei o que era aquilo, e me responderam que eram cascas de barbatimão que estavam ali para secar. Voltei para meu assento no trem e ainda esperei parado algum tempo. A certa altura peguei um lápis e escrevi no meu caderno: “Cascas de barbatimão secando ao sol.”

Perguntei a algumas pessoas para que serviam aquelas cascas. Umas não sabiam; outras disseram que era para curtir couro, e ainda outras explicaram que elas davam uma tinta avermelhada muito boa.

Como repórter, sempre tomei notas rápidas, mas nunca formulei uma frase assim para abrir a matéria - “cascas de barbatimão secando ao sol.” Não me lembro nunca de ter aproveitado esta frase. Ela não tem nada de especial, não é de Euclides da Cunha, meu Deus, nem de Machado de Assis; podia ser mais facilmente do primeiro Afonso Arinos, aquele do buriti. Ela me surgiu ali, naquela estaçãozinha da Oeste de Minas, não sei se era Divinópolis ou Formiga.

Um dia, quando eu for chamado a dar testemunho sobre a minha jornada na face da terra, que poderei afirmar sobre os homens e as coisas do meu tempo? Talvez me ocorra apenas isto, no meio de tantas fatigadas lembranças: “cascas de barbatimão secando ao sol.”

(Rubem Braga. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 7.ed, 1998, p.175)

01. (D11) Considere os três primeiros parágrafos do texto. É correto afirmar que o elemento que desencadeia o desenvolvimento da história está

A) na necessidade de esclarecer os leitores de um jornal, com informações exatas a respeito de um fato qualquer.

B) na parada do trem por um tempo além do previsto, numa das estações do percurso feito regularmente.

C) no desconhecimento dos demais viajantes sobre as propriedades oferecidas pelas cascas de certas árvores.

D) na falta de informações precisas dos responsáveis, a respeito de problemas ocorridos durante uma viagem.

E) na não necessidade de esclarecer os leitores de um jornal


02. (D14) A continuidade do texto se baseia

A) nas diferentes opiniões emitidas por algumas pessoas a respeito da utilidade das cascas de barbatimão.

B) na alternância entre a 1ª pessoa verbal, para marcar a visão pessoal do autor e a 3ª pessoa, como um narrador de fora dos acontecimentos.

C) na sequência de presente, passado e futuro, respectivamente, marcada pelos tempos verbais, que garante o desenvolvimento cronológico do assunto.

D) no uso da frase entre aspas, sempre repetida, que une a narrativa da viagem a uma reflexão pessoal, na segunda parte do texto.

E) na única opinião emitida por uma pessoa a respeito da utilidade das cascas de barbatimão


03. (D6) O hábito de tomar notas rápidas, como afirma o cronista, se deve à circunstância de

A) viajar constantemente, por lugares que desconhecia.

B) estar sujeito a contratempos, em suas viagens.

C) ser ele um repórter, atento a fatos interessantes.

D) dar testemunho dos fatos ocorridos em sua vida.

E) por não viajar constantemente.


04. (D3) "Cascas de barbatimão secando ao sol."

Em relação à frase acima, está correto o que se afirma:

A) No final do texto, o cronista atribui a ela um sentido figurado, relacionando-a ao sentido da vida, diferente do sentido com que aparece no final do 1º parágrafo.

B) A frase está empregada sempre em seu sentido próprio, como cascas de um tipo de árvore, todas as vezes em que surge no contexto.

C) A frase apresenta sentido figurado, sempre que é repetida no contexto, simbolizando as dificuldades da vida.

D) O cronista não consegue atribuir sentido à frase, por ignorar a utilidade das cascas de barbatimão.

E) No final do texto, o cronista atribui a ela um sentido não figurado.


05. (D20) A intenção do autor, insistindo no uso das aspas, em uma das frases do texto, é:

A) repetir informações obtidas em outros autores.

B) valorizar o conhecimento popular a respeito de uma árvore.

C) assinalar o caráter singular da frase.

D) realçar a pouca importância do seu sentido no contexto.

E) não valorizar o conhecimento popular.


06. (D22) A citação de autores consagrados em nossa literatura permite afirmar que o cronista

A) avalia com ironia a si mesmo e aquilo que escreve, como se sua obra não tivesse valor literário.

B) cria uma situação de humor involuntário, atribuindo algo sem importância a Machado de Assis.

C) sabe, com desprezo, que não consegue escrever uma obra longa e de vulto, como o fez Euclides da Cunha.

D) se considera também um importante defensor da cultura brasileira, respeitando os costumes populares.


Leia o texto abaixo.

Vim em 1960 e fui dar aula no Colégio Seleciano de Recife. Logo na primeira semana, fui chamado pela direção: um pai se queixara de que eu ofendera sua filha. É que eu dissera “Cale-se, rapariga”, sem saber que, no Nordeste, rapariga significa prostituta.

Revista Diálogo Médico

07. (D23) No trecho “...um pai se queixara...”, a palavra destacada é um exemplo de

A) expressão de gíria.

B) expressão regional.

C) linguagem coloquial.

D) linguagem formal.

E) linguagem técnica.


Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://multirinhas.blogspot.com/
2009/06/hagar-em-dobro.html>.

08. (D21) O destaque dado à palavra “formal”, associado à expressão facial de Helga, sugere

A) histeria.

B) julgamento.

C) ódio.

D) reprovação.

E) sofrimento.


Leia o texto abaixo.

Sobre a Transposição do São Francisco

Um problema essencial na discussão das questões envolvidas no projeto de transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará e Rio Grande do Norte diz respeito ao equilíbrio que deveria ser mantido entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio Paulo Afonso, Itaparica, Xingó.

(AB’SABER, Aziz Nacilo. Revista Scientific American Brasil, p. 98. Ano 3, número 35, abril de 2005)

09. (D17) No trecho ...” transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará” o termo grifado estabelece uma relação de

A) assunto.

B) causa.

C) destino.

D) finalidade.

E) origem.


Leia o texto abaixo.

O galo que logrou a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore.

A raposa, desapontada, murmurou consigo: “Deixe estar, seu malandro, que já te curo! ... E em voz alta:

— Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais.

Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.

— Muito bem! — exclama o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.

Ao ouvir falar em cachorro, Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:

— Infelizmente, amigo Có-có-ri-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.

E raspou-se.

Contra esperteza, esperteza e meia.

LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19 ed. São Paulo. Brasiliense, s. d. p. 47

10. (D11) Esse texto é narrado

A) pelo galo.

B) pela raposa.

C) pelo cachorro.

D) por alguém que testemunha os fatos narrados.

E) por alguém que está fora dos fatos narrados.


GABARITO

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