SIMULADO 03 - LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE EM

Simulado 03 - Língua Portuguesa 3ª SÉRIE EM SPAECE


Luz sob a porta

— E sabem que que o cara fez? Imaginem só: me deu a maior cantada! Lá, gente, na porta de minha casa! Não é ousadia demais?

— E você?

— Eu? Dei telogo e bença pra ele; engraçadinho, quem ele pensou que eu era?

— Que eu fosse.

— Quem tá de copo vazio aí?

— Vê se baixa um pouco essa eletrola, quer pôr a gente surdo?

(VILELA, Luiz. Tarde da noite . São Paulo: Ática, 1998. p. 62.)

01. (D23) O padrão de linguagem usados no texto sugere que se trata de um falante

A) escrupuloso em ambiente de trabalho.

B) ajustado às situações informais.

C) rigoroso na precisão vocabular.

D) exato quanto à pronúncia das palavras.

E) contrário ao uso de expressões populares.


Leia o texto abaixo.

Deus sabe o que faz!

A ilustre dama, ao fim de dois meses, achou-se a mais desgraçada das mulheres; caiu em profunda melancolia, ficou amarela, magra, comia pouco e suspirava a cada canto. Não ousava fazer-lhe nenhuma queixa ou reprove, porque respeitava nele o seu marido e senhor, mas padecia calada, e definhava a olhos vistos. Um dia, ao jantar, como lhe perguntasse o marido o que é que tinha, respondeu tristemente que nada; depois atreveu-se um pouco, e foi ao ponto de dizer que se considerava tão viúva como dantes.

E acrescentou:

– Quem diria nunca que meia dúzia de lunáticos...

Não acabou a frase; ou antes, acabou-a levantando os olhos ao teto – os olhos, que eram a sua feição mais insinuante – negros, grandes, lavados de uma luz úmida, como os da aurora. Quanto ao gesto, era o mesmo que empregara no dia em que Simão Bacamarte a pediu em casamento. [...]

– Consinto que vás dar um passeio ao Rio de Janeiro.

D. Evarista sentiu faltar-lhe o chão debaixo dos pés. [...] Ver o Rio de Janeiro, para ela, equivalia ao sonho do hebreu cativo. [...]

– Oh! Mas o dinheiro que será preciso gastar! Suspirou D. Evarista sem convicção.

– Que importa? Temos ganho muito, disse o marido. Ainda ontem o escriturário prestou-me contas. Queres ver?

E levou-a aos livros. D. Evarista ficou deslumbrada. Era um Via-Láctea de algarismos.

E depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro. Deus! Eram montes de ouro, eram mil cruzados sobre mil cruzados, dobrões sobre dobrões; era a opulência. Enquanto ela comia o ouro com os seus olhos negros, o alienista* fitava-a, e dizia-lhe ao ouvido com a mais pérfi da das alusões:

– Quem diria que meia dúzia de lunáticos...

ASSIS, Machado. Papéis avulsos. São Paulo: Escala educacional, 2008. Fragmento.

02. (D3) A expressão “comia o ouro com os seus olhos negros...” pode ser compreendida como um olhar

A) ambicioso.

B) desconfiado.

C) desconfortável.

D) interessado.

E) melancólico.


Leia o texto abaixo e responda.

Trem de ferro

Café com pão

Café com pão

Café com pão

Virge maria que foi isso maquinista?

Agora sim

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita força

Muita força

Muita força

Oô...

Menina bonita

Do vestido verde

Me dá tua boca

Pra matá minha sede

Oô...

Vou mimbora

Vou mimbora

Não gosto daqui

Nasci no sertão

Sou de Ouricuri

Oô...

Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente...

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

 

03. (D21) A expressão “café com pão”, repetida por três vezes no início do poema, sugere

A) o barulho do trem.

B) a voz do maquinista.

C) a conversa dos passageiros.

D) a voz da menina bonita.

E) o linguajar do povo do sertão.


Leia o texto abaixo.

Das negativas

Entre a morte de Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e direta inspiração do céu. O acaso determinou o contrário: e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado de mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.

Assis, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 18. ed. São Paulo: Ática, 1992, p. 176. Fragmento.

04. (D14) No trecho “O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo ...”, o pronome destacado substitui

A) D. Plácida.

B) Quincas Borba.

C) o emplasto Brás Cubas.

D) o legado de nossa miséria.

E) o outro lado do mistério.


Leia o texto abaixo e responda as questões 05, 06 e 07.

A melhor amiga do homem

Diogo Schelp

Devemos muito à vaca. Mas há quem a veja como inimiga. A vaca, aqui referida como a parte pelo todo bovino, é acusada de contribuir para a degradação do ambiente e para o aquecimento global. Cientistas atribuem ao 1,4 bilhão de cabeças de gado existentes no mundo quase metade das emissões de metano, um dos gases causadores do efeito estufa.

Acusam-se as chifrudas de beber água demais e ocupar um espaço precioso para a agricultura.

O truísmo inconveniente é que homem e vaca são unha e carne. [...] Imaginar o mundo sem vacas é como desejar um planeta livre dos homens – uma ideia, aliás, vista com simpatia por ambientalistas menos esperançosos quanto à nossa espécie. “Alterar radicalmente o papel dos bovinos no nosso cotidiano, subtraindo-lhes a importância econômica, pode levá-los à extinção e colocar em jogo um recurso que está na base da construção da humanidade e, por que não, de seu futuro”, diz o veterinário José Fernando Garcia, da Universidade Estadual Paulista em Araçatuba. [...]

A vaca tem um papel econômico crucial até onde é considerada animal sagrado. Na Índia, metade da energia doméstica vem da queima de esterco. O líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), que, como todo hindu, não comia carne bovina, escreveu: “A mãe vaca, depois de morta, é tão útil quanto viva”. Nos Estados Unidos, as bases da superpotência foram estabelecidas quando a conquista do Oeste foi dada por encerrada, em 1890, fazendo surgir nas Grandes Planícies americanas o maior rebanho bovino do mundo de então. “Esse estoque permitiu que a carne se tornasse, no século seguinte, uma fonte de proteína para as massas, principalmente na forma de hambúrguer”, escreveu Florian Werner. [...] Comer um bom bife é uma aspiração natural e cultural. Ou seja, nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora.

Revista Veja. p. 90-91, 17 jun. 2009. Fragmento.

05. (D3) No trecho, “Ou seja, nem que a vaca tussa a humanidade deixará de ser onívora.”, a expressão destacada tem o sentido de um fato

A) absurdo.

B) admissível.

C) estimado.

D) impossível.

E) possível.


06. (D14) No trecho “...subtraindo-lhes a importância...”, o pronome destacado retoma o termo

A) ambientalistas.

B) bovinos.

C) cientistas.

D) homens.

E) rebanhos.


07. (D1) De acordo com o autor desse texto,

A) a agricultura é mais preciosa do que a pecuária.

B) a dependência entre o homem e a vaca é real.

C) a importância econômica da vaca é unanimidade.

D) o ser humano gosta de comer um bom bife.

E) os EUA hoje possuem o maior rebanho bovino.

Leia o texto abaixo e, a seguir, responda aos itens 08 e 09.


A corrida aos exoplanetas

Seres extraterrestres habitam há décadas as telas do cinema e as páginas dos romances de ficção científica. O tema parece não esgotar sua capacidade de excitar a imaginação de espectadores e leitores. Quando entramos no território objetivo da pesquisa científica, porém vê-se que nenhuma descoberta concreta a respeito da vida fora do nosso planeta foi até agora alcançada. Megaprojetos como o Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence) tentam, desde 1960, estabelecer contato com inteligências alienígenas por meio de radiotelescópios gigantescos. (...) No entanto, nenhum sinal desses seres distantes foi até agora captado. A boa notícia é que, finalmente, cientistas decidiram focar seus telescópios no outro lado da equação: uma série de projetos e missões de alta tecnologia estão sendo desenhados não mais para ajudar os extraterrestres a nos amedrontar, e sim para nos ajudar a encontrá-los. Ou seja, saímos da postura passiva tipo “por favor, olhem, estamos aqui” para uma postura mais ativa, tipo “não adianta se esconderem, nós vamos descobrir onde vocês estão.” Embora ainda em seus primeiríssimos passos, as evidências circunstanciais desse novo posicionamento sugerem fortemente a probabilidade de que não estamos sós no universo.

Revista Planeta, Nov/2009, ano 37, edição 446, p.44

08. (D20) No trecho “por favor, olhem, estamos aqui”, as aspas foram empregadas, para

A) questionar uma informação.

B) mencionar uma pesquisa.

C) introduzir uma citação.

D) esclarecer uma dúvida.

E) exemplificar um fato.


09. (D16) O argumento que sustenta a tese de que não existe vida em outro planeta é

A) “nenhuma descoberta concreta a respeito da vida fora do nosso planeta foi até agora alcançada.”

B) “seres extraterrestres habitam há décadas as telas do cinema e as páginas dos romances de ficção científica.”

C) “megaprojetos tentam, desde 1960, estabelecer contato com inteligências alienígenas por meio de radiotelescópios gigantescos.”

D) “o tema parece não esgotar sua capacidade de excitar a imaginação de espectadores e leitores.”

E) “a boa notícia é que, finalmente, cientistas decidiram focar seus telescópios no outro lado da equação.”


Leia o texto abaixo.


                            Diário do Nordeste, 8 de fevereiro de 2008.

10. (D22) O efeito de humor desse texto está

A) na pergunta feita por Marocas.

B) na resposta do esposo.

C) na resposta de Marocas.

D) no gesto do esposo.

E) no semblante de Marocas.


GABARITO

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