SIMULADO 02 - LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE EM

Simulado 02 - Língua Portuguesa 3ª SÉRIE EM SPAECE

O teatro da etiqueta

No século XV, quando se instalavam os Estados nacionais e a monarquia absoluta na Europa, não havia sequer garfos e colheres nas mesas de refeição: cada comensal trazia sua faca para cortar um naco da carne – e, em caso de briga, para cortar o vizinho. Nessa Europa bárbara, que começava a sair da Idade Média, em que nem os nobres sabiam escrever, o poder do rei devia se afirmar de todas as maneiras aos olhos de seus súditos como uma espécie de teatro. Nesse contexto surge a etiqueta, marcando momento a momento o espetáculo da realeza: só para servir o vinho ao monarca havia um ritual que durava até dez minutos.

Quando Luís XV, que reinou na França de 1715a 1774, passou a usar lenço não como simples peça de vestuário, mas para limpar o nariz, ninguém mais na corte de Versalhes ousou assoar-se com os dedos, como era costume. Mas todas essas regras, embora servissem para diferenciar a nobreza dos demais, não tinham a petulância que a etiqueta adquiriu depois. Os nobres usavam as boas maneiras com naturalidade, para marcar uma diferença política que já existia. E representavam esse teatro da mesma forma para todos. Depois da Revolução Francesa, as pessoas começam a aprender etiqueta para ascender socialmente. Daí por que ela passou a ser usada de forma desigual –só na hora de lidar com os poderosos.

Revista Superinteressante, junho 1988, nº 6 ano 2.

01. (D15) Nesse texto, o autor defende a tese de que

A) a etiqueta mu dou, mas continua associada aos interesses do poder.

B) a etiqueta sempre foi um teatro apresentado pela realeza.

C) a etiqueta tinha uma finalidade democrática antigamente.

D) as classes sociais se utilizam da etiqueta desde o século XV.

E) as pessoas evoluíram a etiqueta para descomplicá-la.

 

Haverá um mapa para este tesouro?

“Diversidade biológica” significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.” (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica).

O Brasil, país de dimensões continentais, sabidamente possui uma enorme biodiversidade, sendo definida como a maior do planeta. Possuir muito, e de diferentes fontes, ecoa aos nossos sentidos como ter à disposição, ao alcance de todos, um grande tesouro. No entanto, todos sabemos que um grande tesouro escondido em locais inacessíveis, ou mesmo localizado sob os nossos olhos, sem que tenhamos possibilidade de enxerga-la, significa um grande sonho.... e sonhos não costumam tornar-se realidade... podem até evoluir para pesadelos...

Assim, fica evidente que o conhecimento científico, embasado em fatos, é essencial para dar suporte a hipóteses que gerem projetos que permitam expandir esses conhecimentos e servir de partida para projetos que permitam a aplicação racional e sustentada dessa riqueza. Todos sabem que a pior atitude é “...matar a galinha dos ovos de ouro...”.

Portanto, precisamos saber de onde vêm os ovos, e como cuidar da galinha e fazê-la   reproduzir para que possamos transmitir essa riqueza como herança.

Regina Pakelmann Markus e Miguel Trefault Rodrigues. Revista Ciência & Cultura. Julho/agosto/setembro 2003. p. 20.

02. (D16) O trecho “evoluir para pesadelos...” é um argumento para sustentar a ideia de que

A) a biodiversidade do Brasil é imensa e incontrolável.

B) a má utilização das riquezas naturais causa graves problemas. 

C) a reprodução ostensiva da galinha dos ovos de ouro é problemática.

D) o maior conhecimento da natureza causa - lhe mais riscos.

E) o sonho alto das pessoas faz com que sofram muito.


A sombra do meio-dia

A Sombra do Meio-dia é o belo título de um romance lançado recentemente, de autoria do diplomata Sérgio Danese. O livro trata da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost -writer, ou redator-fantasma  – aquele que escreve discursos para outros. A glória do ghost-w riter de Danese adveio do dinheiro e da ascensão profissional e social que lhe proporcionaram os serviços prestados ao patrão – um ricaço feito senador e ministro, ilimitado nas ambições e limitado nos escrúpulos como soem ser as figuras de sua laia. A desgraça, da sufocação de seu talento literário, ou daquilo que gostaria que fosse talento literário, posto a serviço de outrem, e ainda mais um outrem como aquele. As exigências do patrão, aos poucos, tornam -se acachapantes.

Não são apenas discursos que ele encomenda. É uma carta de amor a uma bela que deseja como amante. Ou um conto, com que acrescentar, às delícias do dinheiro e do poder, a glória literária. Nosso escritor de aluguel vai se exaurindo. É a própria personalidade que lhe vai sendo sugada pelo insaciável senhorio. Na forma de palavras, frases e parágrafos, é a alma que põe em continuada venda.

Roberto Pompeu de Toledo, Revista VEJA, ed.1843, 3 de março de 2004. Ensaio p. 110.

03. (D7) O fragmento que contém a informação principal do texto é

A) “A Sombra do Meio -Dia [...] diplomata Sério Danese.”

B) “O livro trata da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer.”

C) “Não são apenas discursos que ele encomenda.”

D) “Nosso escritor de aluguel vai se exaurindo.”

E) “Na forma de palavras [...] é a alma que põe em continuada venda.”

 

13 de Dezembro

Passei de carro pela Esplanada e vi a multidão. Estranhei aquilo. O motorista me lembrou: “Hoje é 13 de dezembro, dia de Santa Luzia. A igreja dela está cheia, ela protege os olhos da gente”.

Agradeci a informação, mas fiquei inquieto. Bolas, o 13 de dezembro tinha alguma coisa a ver comigo e nada com Santa Luzia e sua eficácia nas doenças que ainda não tenho. O que seria?

Aniversário de um amigo? Uma data inconfessável, que tivesse marcado um relacionamento para o bom ou para o pior?

Não lembrava de nada de importante naquele dia, mas ele piscava dentro de mim. E as horas se passaram iluminadas pelo intermitente piscar da luzinha vermelha dentro de mim. 13 de dezembro! Preciso tomar um desses tonificantes da memória, vivo em parte dela e não posso ter brancos assim, um dia importante e não me lembro por quê.

Somente à noite, quando não era mais 13 d e dezembro, ao fechar o livro que estava lendo, de repente a luz parou de piscar e iluminou com nitidez a cena noturna: eu chegando no prédio em que morava, no Leme, a Kombi que saiu dos fundos da garagem, o homem que se aproximou e me avisou que o comandante do Exército queria falar comigo.

Eram 11 horas da noite, estranhei aquele convite, nada tinha a falar com o general Sarmento e não acreditava que ele tivesse alguma coisa a falar comigo.

Mas o homem insistiu. E outro homem que saíra da Kombi já entrava dentro do meu carro, com uma pequena metralhadora.

Naquela mesma hora, a mesma cena se repetia pelo Brasil afora, o governo baixara o AI-5, eu nem ouvira o decreto lido no rádio. Num motel da Barra, eu estivera à toa na vida, e meu amor me chamara e eu não vira a banda passar.

Tantos anos depois, ninguém me chama nem me convida para falar com o comandante do 1º Exército. O país talvez tenha melhorado, mas eu certamente piorei.

(CONY, Carlos Heitor. Folha de São Paulo. 16/12/2001.)

04. (D11) No texto, o que gera a inquietação do narrador é o fato de ele

A)   constatar que não era um dia importante.

B)  não se lembrar de algo muito importante.

C)  saber que era dia de Santa Luzia.

D)  ver uma grande multidão na Esplanada.

E)  verificar que a igreja estava cheia de fiéis.


A fadiga da informação

(Fragmento)

Há uma nova doença no mundo: a fadiga da informação. Antes mesmo da Internet, o problema já era sério, tantos e tão velozes eram os meios de informação existentes, trafegando nas asas da eletrônica, da informação, dos satélites. A Internet levou o processo ao apogeu, criando a espécie dos internautas e estourando os limites da capacidade humana de assimilar os conhecimentos e os acontecimentos desse mundo. Pois os instrumentos de comunicação se multiplicam, mas o potencial de captação humana – do ponto de vista físico, mental e psicológico – continua restrito.

Então, diante do bombardeio crescente de informações, a reação de muitos tende a tornar-se doentia: ficam estressados, perturbam-se e perdem a eficiência no trabalho. Já não se trata de imaginar como esse fenômeno possa ocorrer. Na verdade, a síndrome da fadiga da informação está em plena evidência, conforme pesquisa recente nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países, junto a 1300 executivos. Entre os sintomas da doença apontam - se a paralisia da capacidade analítica, o aumento das ansiedades e das dúvidas, a inclinação para decisões equivocadas e até levianas.

MARZAGÃO, Augusto. In: DIMENSTEIN, Gilberto. Aprendiz do futuro: cidadania  hoje e amanhã.São Paulo: Editora Ática, 1999.

05. (D8) A síndrome da fadiga da informação ocorre porque

A) a internet é muito rápida nas informações que veicula.

B) a captação humana de informações é restrita e a oferta é infinita.

C) os meios de informação geram ansiedade em seus usuários.

D) os instrumentos de comunicação conduzem a decisões erradas.

E) a capacidade humana se paralisa dado o volume de conhecimento.


Anedotinhas

De manhã, o pai bate na porta do quarto do filho:

— Acorda, meu filho. Acorda, que está na hora de você ir para o colégio.

Lá de dentro, estremunhando, o filho respondeu:

— Ai, eu hoje não vou ao colégio. E não vou por três razões: primeiro, porque eu estou morto de sono; segundo, porque eu detesto aquele colégio; terceiro, porque eu não aguento mais aqueles meninos.

E o pai responde lá de fora:

— Você tem que ir. E tem que ir, exatamente, por três razões: primeiro, porque você tem um dever a cumprir; segundo, porque você já tem 45 anos; terceiro, porque você é o diretor do colégio.

Anedotinhas do Pasquim. Rio de Janeiro: Codecri, 1981. p. 8.

06. (D17) No trecho “Acorda, queestá na hora de você ir para o colégio”, a palavra sublinhada estabelece relação de

A) adição.

B) alternância.

C) conclusão.

D) explicação.

E) oposição.


A Formiga e a Cigarra

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde nem do bate - papo com os amigos ao final do expediente de trabalho, tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”.

Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir.

Então, passados alguns dias, começou a esfriar. Era o inverno que estava começando.

A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida.

Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca. Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:

– Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha toca?

– Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e comprar essa Ferrari?

– Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer showsem Paris... A propósito, a amiga deseja algo de lá?

– Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O CARREGUE!

MORAL DA HISTÓRIA: “Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só tra z benefício em fábulas do La Fontaine”.

Fábula de La Fontainereelaborada. http://www.geocities.com/soho/Atrium/8069/Fabulas/fabula2.html -com adaptações.

07. (D22) Em relação ao texto original da fábula, percebe-se ironia no fato de

A) a cigarra deixar de trabalhar para aproveitar o Sol.

B) a formiga trabalhar e possuir uma toca.

C) a cigarra, sem trabalhar, surgir de Ferrari e casaco de visom.

D) a cigarra não trabalhar e cantar durante todo o outono.

E) a formiga possuir o nome “trabalho” e o sobrenome “sempre”.


O Islã não é só árabe

Religião abrange diversas etnias em todo mundo

Boa parte da população ocidental acredita que o mundo islâmico é aquela porção de países do Oriente Médio que têm como idioma oficial o árabe. Por isso, são indevidamente considerados árabes alguns países de maioria islâmica, mas que têm outros idiomas, como Turquia (línguas turca e curda), Irã (persa), Afeganistão (pashtu e dari) e Paquistão (urdu e punjabi).

Existem atualmente cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos no mundo, como são denominados os adeptos do islamismo. A maioria vive na Ásia, onde essa religião nasceu e ganhou o mundo há cerca de 1.400 anos. Da Ásia, os muçulmanos passaram para o norte da África - onde foram chamados de mouros - e parte da Europa. Integraram-se com africanos, europeus das penínsulas ibérica e itálica e outros povos. Hoje eles estão presentes também entre europeus, norte-americanos e até brasileiros.

O islamismo cresceu em número de adeptos muito mais fora do mundo árabe do que no local em que a religião nasceu. Basta fazer uma comparação: os países islâmicos mais populosos, como a Indonésia (com “apenas” 228 milhões de habitantes), o Paquistão (145 milhões), Bangladesh (131 milhões) e Nigéria (127 milhões) têm contingentes humanos muito maiores que o Egito (70 milhões), país de maior população entre os árabes, seguido de longe pelo Sudão (36 milhões). Até a Índia, majoritariamente hindu, tem aproximadamente 100 milhões de muçulmanos.

Revista GALILEU . p. 42. Novembro de 2001.

08. (D20) As aspas empregadas na palavra “apenas” foram usadas para dar a ela um sentido

A) irônico.

B) crítico.

C) metafórico.

D) coloquial.

E) técnico.


Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...)

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.

Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...). O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.

Esse aqui, examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio. Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!

(FERNANDES, Millôr.)

09. (D19) Ao terminar a crônica com “Múúúúúúú”, o autor ao texto um tom de

A) formalidade.

B) humor.

C) indiferença.

D) jovialidade.

E) seriedade.


Os direitos da criança

Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Toda criança tem direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

Toda criança tem direito a um nome, a uma nacionalidade.

Toda criança tem direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

Toda criança tem direito à educação gratuita e ao lazer infantil.

Toda criança tem direito à alimentação, moradia e assistência médica para si e para a mãe.

Toda criança tem direito a ser socorrida em primeiro lugar.

Toda criança física ou mentalmente deficiente tem direito à educação e a cuidados especiais.

Toda criança tem direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

Toda criança tem direito a ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.

Cereja, William Roberto & Magalhães, Thereza  Cochar. Português: Linguagens . São Paulo: Atual, 1998. p. 77.

10. (D21) Usando o termo “Toda” no início de cada frase, o texto

A) enfatiza a ideia de universalidade.

B) estabelece independência com o termo “criança”.

C) estabelece maior vínculo com o leitor.

D) faz uma repetição sem necessidade.

E) reforça a especificidade de cada ideia.


GABARITO

01/A 02/B 03/B 04/B 05/B 06/D 07/C 08/A 09/B 10/A

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